De uma forma geral as pessoas conhecem a missão institucional do Corpo de Bombeiros: a proteção de vidas e patrimônio. É provável que também, ainda que de forma empírica, saibam que as viaturas são imprescindíveis para alcançar os objetivos inerentes à missão institucional.
As viaturas ou carros de bombeiros surgiram no século XVIII, quando eram movidos por tração animal, algo que perdurou por mais de um século até o surgimento dos veículos movidos a vapor. Essa memória destoa das atuais viaturas que são equipamentos ultramodernos.
Em um olhar mais técnico as viaturas fazem parte da composição dos recursos estratégicos do atendimento corporativo. Mais de 99% de todas as ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros têm o uso de viaturas.
A corporação atende a uma imensidade de tipo de ocorrências, existem as de combate ao incêndio (urbanos e florestais), atendimento pré-hospitalar, salvamento (terrestres, em altura, em estruturas colapsadas), produtos perigosos e ações de proteção civil.
Por sua vez, a composição da frota guarda vínculo com a natureza das ocorrências, assim, há uma gama de veículos preparados para carregar as equipes, engenhos e equipamentos necessários para o devido atendimento. De motocicletas a caminhões de grande porte, utilizados para transporte de equipamentos, de passageiros ou ambos, essas ferramentas influem diretamente na consecução do cumprimento das premissas corporativas.
As viaturas usadas nas inúmeras atividades da Corporação são as locomotivas que trazem consigo os recursos humanos e equipamentos necessários ao correto atendimento. Toda a estratégia de acolhimento às ocorrências ocorre em função desses recursos.
Outra memória presente, tão viva quanto as luzes dos sistemas de iluminação, tão peculiares nas viaturas, é de muitas vezes ter ficado perplexo ao ver aqueles comboios passando apressadamente nas rodovias, deixando pelo caminho o eco das sirenes.
Era um tempo em que eu não sabia que dentro daquelas viaturas andavam pessoas obstinadas pelo seu dever de ajudar outras pessoas.
Estes bombeiros são profissionais altamente treinados para enfrentar as mais diversas situações emergenciais e inesperadas.
As pessoas conhecem essa realidade e desse saber nasce a expectativa, que toda vez que uma viatura passa leva a esperança para quem precisa de ajuda. E em cada atividade de bombeiro encontra-se uma lição, entendemos que não adianta existir sem viver, que a vida é uma frágil ponte suspensa por cordas igualmente frágeis, ligando dois penhascos, o nascimento e a partida.
Para a sociedade as viaturas representam o acolhimento, o braço estendido na hora da dificuldade, a chegada de um veículo de bombeiros, concebe a expectativa de um atendimento em circunstância de risco para a vida humana, a esperança de que mesmo sem o controle do futuro, que dias ensolarados não se tornem cinzentos em um piscar de olhos.
Em uma visão poética pode-se afirmar que as viaturas são o mais fiel retrato institucional, despertam nas pessoas o indescritível sentimento de solidariedade. Não há um coração humano capaz de manter seu ritmo ao passar apressado de um carro de bombeiros. Não há um olhar ignoto aos reflexos da luz vermelha intermitente e todos os caminhos se tornam livres ao ecoar da sirene. Desde uma criança com os pés descalços a correr pelas ruas a um ancião sábio, sem exceções, entendem a magia e a importância de um carro de bombeiros.
Carlos Eduardo Borges