Há algum tempo nos acostumamos a ver uma espécie de pássaro, imaginado, sonhado e desenvolvido pelo ser humano, uma ave composta por um enorme aglomerado de peças e metais diversos. Deu-se a essa invenção o nome helicóptero.
O nome tem origem na junção das palavras gregas Helix e Pteron, respectivamente espiral e asas, unidas formam o termo “helicóptero”, denominação para um modelo de aeronave com asas rotativas ou mais comumente conhecidas como hélices. Essa concepção permite que o equipamento decole ou pouse verticalmente, bem como voar para a frente, para trás e para os lados, algo que os tornam versáteis, possibilitando emprego em muitas atividades, em especial aquelas que requerem rapidez e dinamicidade.
Estes equipamentos são muito complexos, têm o funcionamento alicerçado em intricados princípios aerodinâmicos e mecânicos, contudo a rapidez com que os helicópteros podem ser mobilizados torna-os cruciais em casos de acidentes graves, desastres naturais e emergências médicas de alto risco. Há inequívoca vantagem operacional para as instituições empregá-los como recursos estratégicos nas atividades de bombeiros.
Os helicópteros podem transportar equipes de resgate, suprimentos médicos e equipamentos especializados para o local da emergência, acelerando o processo de salvamento e aumentando as chances de sobrevivência de vítimas em situações críticas. Sua versatilidade permite acessar áreas remotas e de difícil acesso, como montanhas, florestas e áreas inundadas.
Há relatos que o helicóptero teve seu conceito desenvolvido há várias centenas de anos, entretanto a ideia moderna do helicóptero foi desenvolvida no início do século XX. Em 1907, o inventor francês Paul Cornu construiu e voou em um helicóptero primitivo que possuía duas hélices contra rotativas.
No entanto, foi Igor Sikorsky, um engenheiro russo-americano, quem projetou e construiu o primeiro helicóptero prático e operacional no final da década de 1930. Seu modelo VS-300, que voou pela primeira vez em 1939, estabeleceu a base para o desenvolvimento dos helicópteros modernos.
Desde então, os helicópteros evoluíram significativamente em termos de design, tecnologia e aplicação, tornando-se uma parte essencial das operações militares, serviços de resgate, transporte de carga e passageiros, entre outras aplicações.
Incontáveis vidas foram preservadas com o emprego destes equipamentos, em situações críticas e calamitosas. Não há dúvida que é uma das inovações mais valiosas da aviação moderna.
Por outro lado, sabe-se que a aviação operacional é uma atividade de extremo risco. Acidentes com helicópteros acontecem e costumam ter um desfecho trágico, resultando, na maioria das vezes em perda de vidas.
Pilotar e tripular um aparelho de asa rotativa em operação de resgate consiste em atividade de altíssimo risco. São ocorrências que exigem proeminente competência (conhecimento, atitude e habilidade) dos profissionais. Para fazer parte de uma equipe de serviço aéreo é necessário passar por treinamentos dificílimos, que testam a capacidade física, intelectual e emocional dos componentes.
No Corpo de Bombeiros há requisitos severos para que se possa fazer parte desta atividade. Isso não exclui a possibilidade que acidentes aconteçam. Eles podem ocorrer por diversas razões, entres as principais, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, estão a perda do controle de voo, seguida por colisão com obstáculos durante a decolagem ou pouso e falha no motor.
Infelizmente em 09 de agosto de 2007, tivemos um acidente fatal envolvendo uma aeronave do CBMDF. Ainda consigo me recordar do acidente do Resgate 01, há exatos 16 anos. Era um início de tarde clássico na seca intransigente do Distrito Federal. Era quinta feira, parecida com outra qualquer, até que, perplexo, igual a todos na Corporação, recebi a notícia da tragédia que se abateu sobre todo o CBMDF.
Minha memória resgata o sopro de uma história brutalmente triste, que impactou a forma de refletir o serviço operacional. Até aquele momento, parecia que nada poderia atingir a vidraça dos nossos serviços, mas tal qual uma vidraça, essa ideia utópica partiu-se como o vidro rompido por um choque inesperado.
Aquela aeronave que tantas vezes fora vista decolando para incontáveis missões de salvamento, já não mais existia, havia se tornado destroços. E destroçados ficaram os corações de uma corporação inteira, dissipava significativamente muito mais que parte de seu patrimônio material. O CBMDF perdeu parte do seu corpo, ficou dilacerado, três de seus filhos se foram e deixaram lacunas impreenchíveis.
Três vidas entregues no cumprimento do dever, no nobre dever de proteger outras vidas, Luiz Henrique, Magalhães e Lélio, partiram deste mundo e eternizaram na história da instituição os seus legados de bravura, dignidade e disciplina.
E embora alguns poetas possam estabelecer que a vida é uma aventura inédita da qual jamais sairemos vivos, a partida precoce faz repousar uma dor sobre nossa existência, uma desventura que encerra promissoras jornadas.
A tristeza abraçou o coração de uma instituição inteira. Três bravos bombeiros, perderam suas vidas em um acidente trágico de helicóptero. E hoje, em meio ao luto nostálgico dessa data, erguemos nossas vozes para celebrar suas jornadas dedicadas à nobre arte de salvar vidas.
Suas vidas não foram em vão, tornaram-se exemplos de que homens podem levar esperança, mas acima de tudo deixam a lição que é importante viver a vida com a intensidade que existência exige, afinal a vida nada mais é que uma resplandecente chama, tão breve como os raios do pôr do sol, tão vulnerável quanto as folhas de outono, tão finita quanto um sonho momentâneo, tão imprecisa quanto a eternidade de uma existência humana, tão urgente quanto uma respiração, tão perecível quanto uma lembrança. De tão breve, de tão vulnerável, de tão finita, de tão imprecisa, de tão urgente, de tão perecível, requer que tenhamos cuidado e atenção constante, somente assim podemos ver o revigorar da existência e a alegria de uma nova primavera.
E as três jornadas encerradas eram muito promissoras, restou-nos lembrá-los e fazer desse nove de agosto uma data para reverenciar estes irmãos de farda. Eles foram como os pássaros do pensamento de Vitor Hugo, que jamais tiveram medo de pousar sobre ramos muitos leves, que mesmo quando estes cediam não paravam seus cantos, pois sabiam que tinha asas…
Coronel Carlos Eduardo Borges
Grandes Homens!!! O CBMDF sente a falta deles… que Deus os abençoe
Aos irmãos que fizeram o sacrifício máximo, no cumprimento de sua missão, os meus mais sinceros sentimentos!
Aos familiares e amigos, a nossa eterna gratidão e apoio, para o que precisarem!
*VOAR, PAIRAR, SALVAR!*
A minha mais respeitosa continência!
Belo texto. Boas lembranças e saudade dos amigos que partiram precocemente.
E que o Criador permita o reencontro em uma saudosa roda de conversa de estórias risonhas…
Saudades, Guarnição!
VPS!