Arquivos de Categoria: Meio Ambiente

Vamos Conversar Sobre Árvores?

Em Brasília, habitamos uma cidade arborizada e, na maior parte do nosso dia, não lembramos que as árvores estão em todos os espaços onde circulamos… mas então, quando conversamos sobre elas?

Aposto que, em boa parte das vezes, em situações muito peculiares. Sim, é verdade: os brasilienses falam (e fotografam) muito da beleza das árvores floridas de ipês de todas as cores durante a estiagem, verdade!!! Mas, fora o período de floração dessa espécie, quando mais conversamos sobre elas? Em situações desastrosas, né? Nos dias de calor extremo os motoristas disputam as vagas com sombra nos estacionamentos, as pessoas se espremem debaixo da sombra das árvores para aguardar o ônibus…
E quando uma árvore cai numa via de circulação… “chamem o Corpo de Bombeiros para desobstruir a passagem, é urgente!!!” A manchete da reportagem traz: queda de árvore traz prejuízos.

A civilização moderna se aglomera cada vez mais em cidades, os espaços estão cada vez mais ocupados e valorizados, e dar lugar ou manter as árvores pode ser considerado desperdício. Mesmo quando plantamos árvores, deixamos um espaço mínimo de solo e, se possível, cimentamos até o cantinho do tronco que sai do chão (para não fazer “sujeira”). Ainda queremos que ela não suje o terreno, não cresça acima do telhado, não incomode os vizinhos, não estrague muros e calçadas… Muitas vezes plantamos árvores que gostamos, porém não pensamos no ciclo de vida dela: o tamanho, o formato, as raízes, as interações biológicas. Esquecemos que as árvores nativas do bioma que habitamos, o Cerrado, estão adaptadas e coevoluídas naturalmente aqui.

Quando o tempo fecha e vêm as tempestades ou a fumaça dos incêndios, ficamos encobertos pelas nuvens ou pela fumaça ou pela poeira… e então, lembramos que vivemos num lugar em que vida depende de vida. (E em todos os lugares, vida depende de vida!) Como esquecemos disso? E uma pergunta surge: o que fazemos pela vida? Pela minha vida? Pela nossa vida? E, de que vida especificamente estamos tratando aqui?

Nesse texto, queremos tratar da vida das árvores, especificamente da vida das árvores plantadas em nossas cidades. Cuidamos das árvores em áreas urbanas? Como podemos colaborar para o bem-estar delas? As árvores, como outras plantas, não chamam a atenção pelos latidos ou miados, como os simpáticos pets; e nem por isso, devem ser desprezadas ou neglicenciadas nos cuidados que podemos oferecer. Quando o poder público faz um plantio de uma muda de árvore próximo ao meu caminho de ir e vir, ou a minha casa, ou ao meu trabalho, ou a minha escola, como eu – indivíduo e cidadão – , posso colaborar para que ela viva e venha a tornar-se uma linda e saudável árvore adulta?

Como eu vejo essa muda de árvore plantada na minha cidade? Mais um ponto de dejetos de meus animais de estimação? Um local de jogar lixo? Um objeto de descarrego de minha raiva seja lá do que for? Caso você ainda não saiba ou não tenha percebido, árvores são seres vivos que infiltram água das chuvas, com maestria, profundamente no solo (mesmo as águas das fortes chuvas), elas fazem fotossíntese e respiram (o saldo é positivo – produz mais oxigênio que consome), transpiram e liberam umidade no ar, crescem e formam troncos de madeira e ainda oferecem sombra, flores, frutos e sementes, abrigam passarinhos… motivos suficiente para convencê-lo a querer cuidar delas?…

Dia Mundial do Meio Ambiente – 05 de junho

Em 5 de junho celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, dia em que se iniciou a 1ª
Conferência da ONU para o Meio Ambiente, sediada em Estocolmo, na Suécia, em 1972. Nesta
época, o mundo começava a pensar nos problemas complexos que poderíamos enfrentar
quanto aos recursos naturais e já havia algumas conversas e discussões sobre a água, desastres
naturais, clima e alimento. Apesar disso, o tema ainda parecia bem distante, assim como as
discussões políticas e as pesquisas científicas.
Nesses mais de 50 anos, as Conferências da ONU sobre o tema estiveram presentes em 25
países, onde cada nação-anfitriã trouxe suas demandas objetivas e mostraram uma tentativa
de sensibilizar que o meio ambiente vai além das florestas, fauna, rios, mares… e que inclui
também a natureza da vida, o ser humano e a sua qualidade de vida – uma rede intrincada,
delicada e complexa, interdependente com equilíbrio dinâmico.

Qualquer ação tem uma reação e até a inação tem uma reação. Isso não é apenas uma Lei da
Física, é a representação objetiva da vida na prática, na realidade, no cotidiano. Mesmo
quando não conseguimos “ver” ou “perceber”, essa Lei se cumpre. E se cumpre na totalidade
do único ambiente conhecido que possibilita a vida tal qual conhecemos: o nosso planeta.
Todos estamos num só planeta, uma só Terra. Este foi o primeiro slogan “Only one Earth” da
Conferência Mundial do Meio Ambiente, que se repetiu 50 anos depois, em 2022, no seu paísanfitrião, a Suécia.
Após tantos chamamentos a refletirmos anualmente sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, o
que temos? Motivos para festejar? Desafios superados? Novos problemas ou problemas
antigos ainda sem proposta de solução? Enquanto humanos, qual o balanço que podemos
fazer entre gerar soluções e gerar problemas à vida?
Em várias dessas Conferências foram discutidos temas como: pobreza, produtos químicos
tóxicos, camada de ozônio, direitos humanos, sustentabilidade, metas de desenvolvimento,
cidades verdes, desertificação, aquecimento global, economia verde, desperdício de alimentos,
consumo sustentável, comércio ilegal de vida selvagem, biodiversidade, poluição plástica e
poluição do ar… mas, ainda assim, a percepção da interligação de todos esses temas nos
parece inacessível. Ainda não assumimos que esses “problemas” não têm fronteiras, não são
de uma só comunidade ou população, de um só país ou continente. Precisamos pensar
globalmente no único palco conhecido da vida, o Planeta Terra. Já tivemos muito tempo para
pensar (50 anos é mais que uma vida…); é necessário agir com sabedoria a favor da vida e, agir
nesse instante.
Salvar vidas, pessoas e meio ambiente precisa estar em cada inspiração de ar aos nossos
pulmões, em cada gota de água para nossa sede, em cada alimento para nossa fome.
Precisamos de muito mais ainda: decidir nosso consumo e nosso descarte, decidir nosso
presente e nosso futuro. Leandro Karnal escreveu: “Todo ato meu fala de mim.” E, como somos
um Corpo, Corpo de Bombeiros do Coração do Brasil, que nossos atos de proteção ao meio
ambiente falem de nós. Continuando, todo ato nosso fala de nós e aqui podemos ver, de
verdade, como mudanças de comportamento individuais tem o poder de provocar mudanças
mais e mais amplas, que só o ser humano tem a capacidade de ofertar ao ambiente no qual
vive: o exemplo.…

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